Sempre fui daquelas que só começava a malhar se fosse na segunda – feira, só começava dieta no início do mês, só servia se as coisas começassem do começo, não tolerava pegar nada pela metade... Chegar atrasada na aula? Melhor nem ir! Até que um dia percebi que apenas eu perdia com este costume bobo. Deixava sempre de iniciar as coisas por não ser início de mês, de semana, do dia...
Planejava as coisas e se não conseguisse concluir, ficava deprimida e com um sentimento de que eu não era capaz... Não era boa o suficiente... Não era igual a todo mundo... Ou pelo menos à maioria das pessoas bem sucedidas, pontuais, perfeccionistas e perfeitinhas do mundo, do Facebook, da Faculdade, do trabalho... Minha Mãe me disse algumas vezes que eu não era todo mundo... Devia ter ouvido!
Ninguém é igual a ninguém, parece óbvio, mas o óbvio merece ser dito. Cada pessoa tem seu tempo, suas limitações, suas prioridades, suas vontades, seus medos e seus pavores. Não é justo comparar e colocar como iguais criaturas tão diferentes. As batalhas que levamos dentro de nós não podem ser medidas e dimensionadas por selfies sorridentes e status de escritores contemporâneos nas legendas de redes sociais. Somos mais do que um sorriso amarelo toda vez que uma câmera dispara.
E é exatamente por ser mais do que isto e repito, diferentes, que precisamos respeitar nosso tempo, nossas restrições... Quando aprendi a não me comparar com os outros, entendi que a batalha mais difícil que eu tinha de travar não era com o julgamento dos outros, mas com a minha consciência me cobrando e me punindo.
Perdi as contas de quantas vezes planejei meu ano, meu mês, semana, dia em uma folha de papel em branco e me perdi mais ainda em todas as vezes que não cumpri algo, deixei de ticar ao final de cada tarefa ou risquei com marcador de texto aquilo que consegui realizar...
Precisamos saber de onde vem a voz que nos cobra perfeição e bom rendimento em tudo. Muito mais do que realizar tudo de uma vez ou tudo o que se promete cumprir, é tentar sempre e tentar sinceramente por que você quer aquilo.
Comece aos poucos. Comece timidamente, mas comece. Reveja suas prioridades e o que quer de verdade. E apenas, comece. Não por ser início de ano ou de mês, mas por ser o início de um novo você.
